quinta-feira, 14 de maio de 2015

DOXA PESQUISA APONTA VITÓRIA DE PINA NA ELEIÇÃO SUPLEMENTAR DE IGARAPÉ MIRI.


No próximo domingo, 17, os eleitores do município de Igarapé Miri, na região Guajarina, voltam às urnas na eleição suplementar para eleger prefeito e vice. A Doxa realizou pesquisa de intenção de voto nos dias 12 e 13 de maio. Quatro candidatos disputam o pleito. O ex-prefeito Roberto Pina, da Coligação “Igarapé Miri no Rumo Certo” (PT, PV, PCdoB e PROS) é apontado na pesquisa como o favorito nesta corrida eleitoral. Pina aparece em primeiro lugar, na pesquisa espontânea, com 35,5% da intenção de votos, seguido de Joca Pantoja, da Coligação “Resgatar Igarapé Miri é nosso Compromisso” (PPS, PDT, PCS, PEN e PTdoB), com 24,3%. Em terceiro, está o candidato Ronélio Antônio Rodrigues Quaresma (Peso Pesado), Coligação “Unidos para reconstruir” (PMDB, PR e PSB), com 19,3%. Em quarto, aparece a candidata Darlene Pantoja, Coligação “Todos por Igarapé Miri” (PSDB, PSD e PTB), com 4,5%.
Na pesquisa estimulada, Roberto Pina continua na liderança, subindo para 38%. Em segundo lugar vem o candidato Joca Pantoja, com 25,3%, seguido de Ronélio Antônio, com o índice de 21% e Darlene Pantoja, que aparece com 5,5%. Tem ainda 7,3% que não sabem ou não responderam à pesquisa e 3% de brancos e nulos.
Quando transformamos em Votos Válidos que é como o TRE calcula os votos de cada candidato, obtivemos o seguinte resultado: Roberto Pina, 42,3%; Joca Pantoja 28,1%; Toninho Peso Pesado 23,4% e Darlene Pantoja 6,1%.
                Em se tratando de expectativa de vitória, que é medido através da pergunta “quem você acha que vai ganhar essa eleição?”, 36,3% dos eleitores mirienses acreditam que Roberto Pina será eleito no próximo. Para 25,5% o eleito será Joca Pantoja, para 22,8% será Ronélio Antonio (Peso Pesado) e apenas 3,8% acreditam que a eleita será Darlene Pantoja.
O levantamento, realizado nos dias 12 e 13 de maio, na cidade e na zona rural, entrevistou 400 eleitores. A margem de erro é de 3% e o intervalo de segurança é 95%. A pesquisa do Instituto Doxa registrada no TRE sob o número 00350/2012, estratificou a amostra em quotas de sexo, idade e áreas geográficas.

A nova eleição em Igarapé Miri se dá em função da cassação do mandato do prefeito Ailson Santa Maria do Amaral (Pé de Boto) e do vice (Edir Correa) pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), por crimes de abuso de poder econômico cometidos em 2012, quando foi eleito para o cargo. “Pé de Boto” responde ainda a processo criminal por suspeita de envolvimento com grupo de extermínio responsável pela morte de pelo menos 13 pessoas nos últimos dois anos. A prefeitura, temporariamente, foi entregue nas mãos do Presidente da Câmara Municipal  de Vereadores (Ver. Ronélio Antonio) até a realização das novas eleições municipais que acontece no próximo domingo, 17. 







segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

ARTISTA PARAENSE MOARA BRASIL NO PROGRAMA ENCONTROS COM FÁTIMA BERNARDES


Depois de ter se destacado no Art Battle Brasil, na cidade de São Paulo, evento realizado no final de novembro 2014, a artista plástica paraense, Moara Brasil, estará no programa Encontro de Fátima Bernardes (Globo), nesta terça-feira, 30. Moara foi caracterizada de índia (foto) o que chamou muito a atenção dos organizadores do Evento. O Art Battle é realidade em mais de 30 cidades no mundo que teve sua fundação no Canadá.  Os participantes têm 20 minutos para pintar uma tela com tinta acrílica, utilizando o que quiserem: pincel, espátula, stencil, dedo. Os artistas competem nos cavaletes pelo voto do público para mostrar seu talento e as pessoas acompanham de perto o processo criativo, participando desta atmosfera inspiradora. Além disso, todas as obras são leiloadas no próprio evento, com lance mínimo de R$ 150, com 70% do valor voltado ao realizador do quadro.
CONHECENDO UM POUCO MOARA BRASIL
Nome completo: Moara Brasil Xavier da Silva
Nome artístico de preferência : Moara Brasil
Histórico profissional (faculdades, pós, cursos livres e técnicos).
Eu estudei durante 3 anos o curso de Direito e  2 anos de Filosofia, porém resolvi desistir e fazer comunicação social na UFPA, pois era o curso que mais parecia com o meu perfil. Em 2003 quando tranquei meu curso de Direito abri um brechó junto com uma amiga (Lorena Cirino) e foi quando comecei minha experiência com as tintas e pincéis, customizando roupas de brechó e de amigos. Criamos a marca Loramoara. Fomos chamadas para expor em um Festival da TV Cultura no mesmo ano e também no concurso Criando Moda Iguatemi onde ficamos em segundo lugar. A marca durou mais que 1 ano, e depois fiquei sozinha com a mesma ideia porém sem a sociedade. Também apresentei meu projeto de roupas personalizadas no evento Caixa de Criadores em Belém. Participei de 2005 até 2009 de todas as edições do Caixa e também fui chamada para expor um vestido todo pintado por mim no Amazônia Fashion Week.  Quando me formei, decidi seguir meu caminho em São Paulo em 2009. Em 2010 resolvi fazer um curso técnico de Moda no Senai e foi quando participei de um concurso de novos talentos do Senai São Paulo, ganhei em primeiro lugar com a coleção “O Miriti”. Em 2013 resolvi estudar profundamente ilustração e arte na escola Sala ilustrada com a professora Catarina Gushiken, me formei este ano e me preparo para uma exposição individual  em 2015 no primeiro semestre feita por esta escola. Nestes dois anos participei de exposições coletivas da Sala Ilustrada e do Mercado Mundo Mix (em 2014). Também participei com uma ilustração no Projeto Menos 30 da Globo em parceria com a Itsnoon em novembro deste ano na Pinacoteca de São Paulo e na Fundação Progresso no Rio de Janeiro junto com outros ilustradores. Tenho participado de vários lives paintings em 2013 e 2014 no projeto Lokkomotiva  Crew. Durante estes dois últimos anos trabalhei na galeria Carré d´Artistes (galerina) e na Urban Arts (gerente).

Definição de sua arte, fontes de inspiração e projetos de médio e longo prazo.
Moara Brasil Belém do Pará - 1983. A Amazônia, bem como todas as riquezas culturais e naturais do Brasil, é fonte de minha maior inspiração, sobretudo os mitos e lendas da Amazônia. Sempre busco expressar a fantasia e a realidade da fauna e flora da Amazônia. Animais exóticos,  flores fantásticas e cores deslumbrantes despertam a minha criatividade. Transito entre o real e o imaginário. Ter nascido e vivido no coração da Amazônia, em Belém do Pará, foi para mim como receber uma dádiva. Então me inspiro na minha terra e nas minhas raízes. Atualmente estou fazendo estudos sobre minhas raízes indígenas, tenho uma família muito mista. Por parte de mãe, meu avô teve uma mãe bem indígena que se envolveu com judeus espanhóis. Por parte do meu pai também tenho raízes muito fortes, mistura de português com índios da região do Tapajós. Minha família de lá eram bem ribeirinhas e bem humildes. Esta vontade de buscar minhas raízes me fez procurar materiais de fotógrafos como o projeto “Xingu” dos irmãos Villas-Boas. Porém, quero ir mais além e captar o meu olhar  através de estudos em carvão, pretendo visitar tribos da região do Tapajós e de Tomé Açú e estudar o nu artístico indígena, que acredito que não foi muito explorado por grandes pintores do mundo. Estou focada na tinta acrílica em algodão cru para as minhas próximas exposições, que terão um pouco da minha história de moda, pois farei bordados com linhas e sementes nas próprias telas. E além disse continuarei com minhas gravuras em carvão com folha de ouro com temas indígenas. O meu estilo é contemporâneo que tem influencias da cartela de cores da natureza, de frutas, de temperos, da água, da terra, do vento. A temática é estética indígena, mas procurarei fazer narrativas da minha própria vida que é onde está minha poética. É difícil falar da obra. Eu tenho uma ideia e ela vem e às vezes é interpretada de várias formas, se assim for, eu fico mais feliz. Não gosto muito de falar da mensagem da obra, mas gosto de dizer o que tem por trás como técnicas e recursos que utilizo.

A música me inspira muito. Desde a música clássica de Beethoven, a Saga da Amazônia de Vital Farias, mas eu gosto de muita coisa. Tenho um irmão músico e uma mãe que tinha um bom gosto musical, então acredito que a música é fundamental para me dar energia na pintura. A pintura reflete o momento musical que estou ouvindo também.
-Estou com projeto de dar aula para crianças em 2015 e para menores presos que se encontram em fundações do governo de São Paulo, quero também participar de ocupações artísticas em São Paulo e continuar no Art battle.

Inspirações: índios, tribos, raízes, Van Gogh, Gauguin, Klimt, Gêmeos, Chagal, Brian froud, as mulheres que estão perto de mim, família, mãe, Belém do Pará, comida, música paraense, rios, mangueiras...

domingo, 9 de novembro de 2014

2014 MARCA UMA DAS CAMPANHAS MAIS ACIRRADAS E DISPUTADAS NO PARÁ.


·         Como avalia a campanha 2014
Foi uma das campanhas mais acirradas e disputadas dos últimos pleitos da história do Pará. E é a primeira em que um político consegue um terceiro mandato no Pará. Também foi a primeira vez que Simão Jatene participa de uma campanha como candidato a reeleição. A primeira, quando ganhou, foi indicado e apoiado por Almir Gabriel (governador a época), depois de quatro anos quando defenderia seu mandato numa reeleição, não foi candidato, deu lugar a Almir Gabriel que foi derrotado por Ana Júlia; em 2010, Ana Júlia não consegue se reeleger e é derrotada por Jatene. Agora, sim, 2014 Jatene é candidato à reeleição. Ressalte-se que foi uma campanha atípica dentro de um Pará dividido (a primeira após o plebiscito que pretendeu dividir o Pará em três unidades federativas); além disso foi o confronto de dois grupos (econômico e de comunicação) que se debateram nesse processo. Os interesses eram grandiosos. Daí o acirramento intenso e o nível muito rasteiro da campanha.

·         O PSDB até poucos  meses das convenções estava, praticamente, sem candidato. Muito em função da indefinição do governador Simão Jatene em não sair. Isso pode ter beneficiado o avanço do candidato Helder Barbalho?
Com certeza, só para exemplificar, em outubro de 2013 a Doxa fez uma pesquisa estadual em que Jatene estava 10 pontos a frente de Helder. De outubro até a decisão final de que Jatene, de fato, seria candidato à reeleição, aconteceu um vácuo de indecisão política no PSDB. “Jatene iria renunciar ao mandato pra disputar fora do cargo por que não concordava com o instituto da reeleição”; “Jatene não seria mais candidato”. Essa indefinição causou problemas internos ao PSDB e aliados, bem como entre apoiadores históricos ao PSDB. Nesse quadro nervoso, Helder Barbalho e seus aliados ocupam esse vácuo deixado pela indefinição tucana. E seu potencial de intenção de voto cresce. Helder e seus aliados começam a jogar sozinhos, sem concorrentes a altura. Quando as arestas internas do PSDB foram aparadas e Jatene define-se como candidato - o único que poderia enfrentar o avanço de Helder -, os aliados históricos, apoiadores de campanha Jatene animam-se, levantam-se e se preparam para luta eleitoral. O IBOPE apresenta sua primeira pesquisa estadual, indicando empate técnico entre os dois principais concorrentes (ligeira vantagem para Helder). Olhando o que a Doxa detectou em outubro/2013 significa dizer que Jatene estava recuperando o espaço perdido devido à sua indefinição, àquela altura, em ser ou não ser candidato. Já nas primeiras pesquisas do inicio da campanha na Região Metropolitana de Belém feitas pela Doxa já podíamos identificar essa recuperação de espaço. E já era possível perceber que o pleito seria, como foi, acirrado.

·         Depois de 20 anos fora do poder,  pela primeira vez o PMDB lança um candidato competitivo, antes eram apenas coadjuvantes. Como você analisa essa trajetória do partido ou melhor a volta da oligarquia Barbalho do poder estadual?
Ao longo de 16 aos, o PMDB transformou-se num partido estritamente parlamentar, isto é, fazer o maior número de deputados estaduais e federais para, depois, com quem tivesse no governo, ter o poder de barganha e negociar o poder: fazer parte do poder através de negociações de cargos no executivo. Aqui no Pará, após a derrota de Jader para Almir Gabriel em 1998 (primeira reeleição no Pará), o PMDB não lançou mais nenhum candidato competitivo,  apenas coadjuvantes, para cumprir tabela e ter espaço para os candidatos ao legislativo. Em 2002 disputam Jatene, Maria do Carmo e o PMDB lança Rubens Nazareth; em 2006 disputam Almir e Ana, e o PMDB lança José Priante; em 2010, reeleição de Ana Júlia, PMDB lança Domingos Juvenil. Na ALEPA, o PMDB era decisivo para a aprovação de projetos do executivo. Tinha que haver negociação, e essa negociação passava necessariamente pelo PMDB. É a questão da governabilidade. Nos governos de Ana Júlia e Jatene o PMDB obteve seus 30% de participação.  Depois foram rompidos os acordos e o PMDB volta a oposição ferrenha.
Dois anos antes da eleição para o executivo estadual, o PMDB lança um experimento: Helder Barbalho que, após sua saída da Prefeitura de Ananindeua, ficou fazendo exclusivamente política no Estado. No segundo semestre de 2013 avaliou-se que esse experimento poderia dar certo. A candidatura Helder tornou-se fato, ganhou envergadura competitiva. Agora não era mais nenhum coadjuvante do PMDB disputando uma eleição, era o filho de Jader Barbalho que não fez sombra para nenhuma das possíveis lideranças que se apresentaram durante esses anos todos. Portanto, se apresentava aos paraenses uma eleição disputadíssima, tanto que não tivemos nenhuma terceira candidatura competitiva que pudesse ser a alternativa àqueles eleitores que não queriam Helder Barbalho e nem Simão Jatene.
Apesar de ser um jovem de 35 anos, já com um bom currículo político, Helder carrega a marca Barbalho (para uns amado, para outros odiado). Em uma ampla pesquisa realizada em outubro/2013, uma das variáveis era a seguinte: “o fato de Helder ser filho de Jader Barbalho, isso aumenta, diminuiu ou não interfere na sua vontade de votar em Helder?” – 30% afirmaram que diminuía a vontade de votar. Essa era a rejeição de Helder enraizada no seio do eleitorado pelo fato de ser filho de Jader.

·         Aliança PMDB/PT, como você avalia essa composição?
Uma aliança um tanto quanto esdrúxula, isto é, incomum para o PT que já foi governo no Pará e que tinha uma presidente da República disputando uma reeleição. O PT como um partido de movimentos sociais e sindicais, com grandes lideranças políticas, aqui no Pará se acachapou muito às ordens palacianas. Poderia seguir o curso normal das regras do nosso sistema eleitoral, lançando candidato no primeiro turno, pensando na negociação do segundo. Se o PT, mesmo com o desgaste de Ana Júlia, tivesse lançado candidato próprio teria, em tese, seus 20% de voto no estado. E, possivelmente, poderia ser muito mais favorável a Helder do que os dois saírem abraçados desde o primeiro turno. Além de se coligar com os Barbalhos, adversários históricos, o PT teve que engolir o DEM (Democratas) na aliança, descaracterizando por completo os ideais petistas. No entanto, o PT ganhou o senador, Paulo Rocha, que fazia parte do acordo eleger um senador, Helder e Dilma. Cumprido uma parte do acordo, no segundo turno houve uma retração petista, principalmente no oeste do Pará, onde houve campanha pelo voto nulo para governador. Essa aliança causou estragos no parlamento ao PT que diminuiu consideravelmente sua bancada em nível estadual e federal, bem como o quantitativo de votos em relação aos outros pleitos. Dos 8 deputados que o PT tinha na ALEPA, elegeu apenas 3; por outro lado, o PMDB que tinha 8 deputados, manteve o mesmo quantitativo. Na Câmara Federal, o PT que tinha 4 deputados caiu pra dois; o PMDB, tinha 4, perdeu o Wladimir para o SD e elegeu agora três.

·         A questão do Plebiscito que veio em pauta na campanha modificou algum cenário já estabelecido?
Foi a primeira eleição pós-plebiscito para governador em que podemos ver as consequências do dia 11 de dezembro de 2011: Aconteceu uma eleição dentro de um Pará, na prática, dividido em três unidades federativas. Podemos afirmar que a eleição para governador foi plebiscitária. Evidente que esse tema viria a tona nessa campanha, não restava dúvida. Era a carta na manga de um e de outro lado. O eleitor paraense, especialmente do Oeste e Sul/sudeste, já sabiam do posicionamento de Jatene em relação ao plebiscito. Na campanha do plebiscito, o governador foi à TV defender a NÃO divisão. Então estava clara sua rejeição nas duas regiões emancipacionistas. E forte aceitação na região do Pará remanescente. Do lado do Helder não se tinha essa definição clara, parecia nublada. Para amenizar esse impacto negativo, os dois competidores principais buscaram seus vices nessas regiões: Helder buscou Lira Maia, líder separatista do Tapajós; e Jatene Zequinha Marinho, do Carajás. Para instigar a lembrança do plebiscito, panfletos contra Jatene foram divulgados nas duas regiões emancipacionistas; assim como filmes de TV foram divulgados às vésperas das eleições, mostrando Helder a favor da divisão. A Doxa fez uma pesquisa na Região Metropolitana em que buscava avaliar essa situação: 85% dos eleitores da RMB eram contra a divisão; e 42% consideravam o candidato Helder a favor da divisão; Jatene apenas 10% o consideravam a favor da divisão. Portanto, aqui tinha um ingrediente favorável ao marketing da campanha de Jatene: pré-disposição dos eleitores em acreditar que Helder era a favor da divisão.

·         No primeiro turno Helder saiu na frente com diferença de 50 mil votos. Não seria uma tendência de repetir os votos no segundo turno?
Segundo turno é outra eleição. Alguns analistas afirmam que houve uma reversão de expectativa e que o instituto de Pesquisa que tendia a vitória de Helder não errou, porque houve essa reversão de expectativa. Se isso fosse verdade, os demais institutos de pesquisa que estavam realizando pesquisas de campo e publicando seguiriam essa mesma lógica, mas não, afirmavam a tendência de vitória de Jatene. O instituto que dava vitória pro Helder não soube fazer a fotografia correta da realidade naquele momento. Errou. O mais simples observador da arena política podia perceber que era uma eleição disputadíssima e que o ganhador tanto do primeiro quanto do segundo turno ganharia com diferenças pequenas. Veja o seguinte: no primeiro turno, a diferença pró Helder foi de apenas de 1,4 pontos, o que significou em torno de 50 mil votos. Ora, a tendência normal era que esse acirramento continuasse no segundo turno. Mesmo porque não tivemos nenhuma terceira candidatura competitiva, ou mesmo, que tivesse em torno de 10 pontos percentuais, por exemplo, no primeiro turno. O que poderia demandar uma conquista dos votos dessa candidatura, mas não houve. Tivemos dois candidatos em polarização no primeiro turno, e esses dois candidatos passaram para o segundo turno. Portanto, a tendência era de continuar esse embate ferrenho, isto é, quem votou em Jatene continuar votando em Jatene; quem votou em Helder continuar votando em Helder. Para um ou outro crescer a luta tinha que ser campal: um tirando voto do outro, olho no olho.

·       Mas você não acha que o Governo usou a máquina para funcionar e por isso virou e ganhou a eleição?
Em todas as eleições em que o incumbente (governador, prefeito ou presidente) defendem seu mandato numa reeleição, e que saem vitoriosos, o que perde no segundo turno, traz à arena de discussão o fato do uso da máquina pública, e que “forças ocultas” operaram durante a semana que antecedeu ao pleito. A máquina governamental não pára de funcionar, mesmo com a eleição. O governo tem que governar. Os atores políticos governamentais são o Governador, seus secretários, diretores, funcionários de baixo e alto escalão, todos entram no jogo, defendendo o interesse de quem está no poder, evidentemente. O voto desses milhares de funcionários que fazem a máquina funcionar é extremamente racional, isto é, estão defendendo, principalmente, os seus interesses. Então, vão fazer essa máquina funcionar a seu favor e de seus familiares, óbvio. É uma rede com capilaridade estrondosa que está espalhada em todo o estado em suas mais variadas formas. Em cada município tem a presença do estado. O governador só perde uma reeleição se ele estiver muito mal avaliado, mesmo assim, este mal avaliado ainda passa pro segundo turno. Exemplo claro tivemos na eleição de 2010. Um ano antes da eleição fizemos uma pesquisa, detectamos que a avaliação negativa do governo de Ana Júlia ultrapassava aos 70%. Ali já detectávamos a dificuldade da reeleição de Ana. No entanto, a governadora disputou a eleição, passou para o segundo turno. E do primeiro para o segundo turno ela cresceu, ainda, 7 pontos percentuais. Mas não conseguiu votos suficientes para derrotar Jatene. Funciona de uma outra forma também: um gerente da Caixa em Belém, ao finalizar o atendimento de uma jovem que havia se inscrito no FIES, ao final falou: “torça para que a Dilma ganhe, ao contrário vocês vão perder esse financiamento”. A moça ficou apavorada, chegou em sua casa foi pedindo pra mãe, avó, irmãos, parentes e aderentes pra votarem em Dilma.

·         Mas você não acha que os aliados da candidatura Helder não ajudaram a manter ou mesmo aumentar as intenções de voto em Belém e região metropolitana, especialmente Jeferson Lima?
Veja uma coisa, nessa eleição rigidamente polarizada, os apoios não tiveram peso necessário que pudesse mudar o rumo do pleito. Os candidatos perdedores tiveram pouco menos de dois por cento dos votos, pouco significativo. Eram votos tão insignificantes que num segundo turno se diluiriam entre os demais. Os apoios são mais pra dar a impressão de que este candidato está recebendo apoio mais do que o outro, e ai é feita a espetacularização na TV, rádio, etc., mas isso não significa voto. Por que veja o seguinte: ninguém detém o poder de controle do voto do outro. O voto de cabresto não existe mais. Quando uma pessoa vota no primeiro turno, e seu candidato perde, essa pessoa já fez sua obrigação em votar naquele candidato, agora está livre e desimpedida pra votar em quem quiser. O mais significante apoio, em tese, foi de Jeferson Lima, candidato ao senado, que obteve mais de 700 mil votos. E sua maior votação foi na região metropolitana, especialmente Belém, onde Helder perdeu com uma diferença de 17% dos votos. Essa era a aposta, isto é, Jeferson tentar transferir parte dessa votação a Helder pra diminuir ou suplantar a diferença do primeiro turno. Acontece que o radialista já entrou queimado ao declarar apoio a Helder. Pela manhã estava na TV declarando apoio a Jatene, e a noite declarando apoio a Helder. O anti-político e pop star tupiniquim, com essa atitude, caiu na vala comum dos políticos, igualou-se à imagem ruim que tem os políticos de maneira geral. O diferente tornou-se comum. Passou a imagem de “vendido”, “traidor”, “sem confiança”.  Ao invés de Jeferson somar votos a Helder, tirou-lhe votos. É só verificar a estatística da eleição em Belém. Enquanto a diferença no primeiro turno foi de 17%, no segundo turno essa diferença subiu para 26%.

·         A Doxa foi muito perseguida tanto no primeiro quanto no segundo turno, porque aconteceu isso? Como você explica e a quem atribuiu essa perseguição?
É importante observarmos essa situação para entendermos a participação e o poder de alguns atores nesse campo jurídico: juízes auxiliares, advogados, promotores, isto é, o próprio TRE.  Tudo começou depois que a Doxa foi contatada através de um  interlocutor para fazer uma pesquisa e publicar no Diário do Pará. O resultado vindo de campo não foi favorável a Helder Barbalho. Em função disso, o interlocutor queria que a Doxa mudasse o resultado. Na pesquisa Jatene ficou com 41% e Helder com 38%. Queriam apenas que a Doxa invertesse os resultados. Como não aceitamos, em hipótese alguma, tivemos um prejuízo de R$ 25.000,00. E como tínhamos uma pesquisa atualizada, resolvemos publicar no blog da Doxa e de alguns blogs amigos como do Hiroshi Bogea e do Jeso Carneiro. Depois outros veículos pegaram e foram publicando, óbvio. A partir de então, a Doxa tornou-se persona non grata à coligação “Todos Pelo Pará”. Não conseguimos mais publicar nossas pesquisas. Parecia que havia um complô, algo combinado: quando registrávamos uma pesquisa, os advogados da coligação entravam com o pedido e só caia na mão de um juiz auxiliar, muita coincidência. Chegamos a ser manchete de capa do Diário do Pará como se fossemos criminosos. O MPE, através do dr. Alan Mansur, depois de “investigado o crime eleitoral” mandou arquivar o processo. Mas até hoje o juiz não deu a sentença.
No segundo turno conseguimos publicar uma pesquisa. Havia sido feito um acordo entre os advogados das duas coligações de que “ninguém impugna ninguém, deixa o mercado regulamentar”. Era a decisão mais sábia até então. Só que esse acordo não foi cumprido na última pesquisa Doxa. As 19:20hs do dia 24, sexta, o juiz induzido pelas justificativas dos advogados da coligação Todos Pelo Pará acata e manda suspender a publicação da pesquisa.
Sabíamos que o Diário do Pará viria já na edição de sábado com pesquisa com números alarmantes, querendo ficar sozinho no pleito, passando apenas sua verdade, passando ao eleitor como fato consumado a eleição de Helder; e que essa mesma pesquisa viria repaginada no domingo, dia da eleição. Diante dessa situação, o jornal O Liberal publica a pesquisa da Doxa do domingo anterior, como forma de contrapor ao Diário, e dizer para o eleitor que ele merecia outra informação para tomar sua decisão no dia seguinte. A pesquisa Doxa finalizada na sexta deu 51,3% Jatene e 48,7% Helder (votos válidos). Essa era a verdade que o Diário do Pará não queria saber.

·         Como você explica essa tamanha disparidade entre os dados dos institutos de pesquisa nessa campanha?
Se for observar bem, a disparidade era de um instituto com os demais. O Jornal Diário do Pará que publicava a pesquisa que dava sempre o Helder na frente dizia que a metodologia da pesquisa era domiciliar. No entanto, analisando a metodologia e o questionário detectamos que os pesquisadores pegavam apenas o telefone do entrevistado. Ora, se é domiciliar, obrigatoriamente tinha que constar no questionário endereço do entrevistado para que se pudesse checar com maior precisão. Sendo assim, deduzo que o método aplicado foi em fluxo (feiras, praças, pontos de maior movimentação nas cidades, etc). E quando a pesquisa é feita por esse método (fluxo) a amostra tem que ser, obrigatoriamente, grande. Caso contrário corre um risco de pegar bolsões de um candidato apenas. O Datafolha aplica essa metodologia de pesquisar em fluxo. Quando em nível de Brasil o Ibope pesquisa 3.000 pessoas (método domiciliar), o Datafolha entrevista 9.000. Outro fator que pode ser observado é que vivemos uma eleição atípica (pós plebiscito), onde tínhamos regiões, praticamente, fechadas com um ou outro candidato. Então, tínhamos que saber selecionar bem os municípios da amostra. E isso implicava em aumentar a amostra e o números de municípios para que pudéssemos obter a fotografia correta do pleito.
No segundo turno essa situação ficou bem clara para desenhar esse plano amostral, já que tínhamos a votação de cada candidato por município. Então, conseguimos fazer uma análise dos planos amostrais dos 4 principais institutos de pesquisa que estavam publicando no Pará: Ibope, Iveiga, Doxa, BMP. O Ibope trabalhou com 43 municípios, BMP com 45, Doxa com 51 e Iveiga com 24. Comparamos os votos obtidos por Jatene e Helder em cada plano amostral de cada instituto e ao final, evidentemente, mostrava o resultado. Ibope, Doxa e BMP deram resultados iguais, 51% Jatene e 49% Helder. O único que deu diferente foi do Iveiga, dando vantagem a Helder Barbalho. Por essa análise já poderíamos detectar que a disputa seria voto a voto.  Mas a vantagem que o estudo mostrou do Iveiga nunca foi de 12,5 pontos em favor de Helder.
A estratégia do Diário do Pará e todo o grupo de comunicação era passar a ideia de Helder como fato consumado, utilizando-se de pesquisa para induzir, manipular o eleitor.

·         Em termos de expectativa para o novo governo Jatene.
O grande desafio de Jatene nesse seu terceiro mandato vai ser: ter programas para governar, na prática, para três estados: Governar um Pará dividido. Passada a eleição, é hora de o governo governar e também é chegada a vez de a oposição fazer oposição. O sucesso do sistema político depende de governo e oposição. Neste momento, torcer pelo Pará é desejar que os dois lados, o vencedor e o derrotado de 2014, cumpram seus respectivos papéis, realizem o que deles se espera.

sábado, 18 de outubro de 2014

PESQUISA DOXA APONTA JATENE NA FRENTE NO SEGUNDO TURNO

A uma semana da eleição para o segundo turno na disputa para o Governo do Estado do Pará, o governador Simão Jatene aparece na frente da disputa. De acordo com a pesquisa Doxa realizada em todo o estado do Pará pelas seis mesorregiões (Metropolitana, Nordeste, Marajó, Baixo Amazonas, Sudoeste e Sudeste), na pergunta espontânea, em que não é apresentado o nome dos candidatos, o atual Governador Simão Jatene obteve 47,3% e Helder Barbalho 41,3% das intenções de voto. Na pergunta estimulada Jatene sobe para 49,0% e Helder atinge 42,3%. Brancos, nulos e indecisos somam 6,4%.

Em se tratando de votos válidos que é como o T.R.E calcula os votos dos candidatos, Simão Jatene fica com 53,7% e Helder Barbalho 46,3%.

Na corrida presidencial, Dilma e Aécio estão tecnicamente empatados no Pará. Aécio Neves está com 47,3% e a presidente Dilma com 46,2%. Brancos/nulos e indecisos somam 6,5%. Em se tratando de votos válidos, Aécio está com 50,6% e Dilma 49,4%.

Serviço:
A pesquisa foi registrada no T.R.E sob o número PA-00048/2014
Foram entrevistados 2.000 eleitores, a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos do resultado final. Intervalo de confiança é de 95%.
Período de coleta: 13 a 16 de outubro de 2014.
Pesquisa eleitoral do tipo quantitativo categórico, aleatório e estratificado domiciliar por cotas de sexo e idade, área geográfica detalhamento feito com amostragens mediante aplicação de questionários estruturados, levando em consideração parâmetros eleitorais, tendo como universo (total) o eleitorado do Estado do Pará, dividido pelas seis Mesorregiões: Baixo Amazonas, Marajó, Nordeste, Sudeste, Sudoeste, Metropolitana.
  

ESPONTÂNEA



 ESTIMULADA


VOTOS VÁLIDOS PARA GOVERNADOR

 VOTOS VÁLIDOS PARA PRESIDENTE












sexta-feira, 3 de outubro de 2014

PESQUISAS ELEITORAIS E OS PODRES PODERES DA DEMOCRACIA PARAENSE


Em respeito a todos vocês que têm acompanhado fielmente as Pesquisas realizadas pela DOXA COMUNICAÇÃO INTEGRADA, esclareceremos, aqui, os motivos que cercearam o direito de continuarmos a divulga-las. A DOXA, ao longo desses anos, construiu-se da larga experiência adquirida, permitindo conquistar credibilidade e respeito local. O que mais contribuiu para isso, não foram somente os diplomas e títulos de especialização na área; não foi apenas pelas parcerias com sérios e competentes profissionais; também não foi somente pela vasta experiência que possibilitou unir a práxis à teoria científica. O que nos permitiu conquistar essa credibilidade foi, sobretudo, sempre termos honrado e respeitado a opinião pública, pois é a opinião de cada um que construiu e constrói o nome dessa empresa, pelo qual temos que zelar.
O nome DOXA assim se pautou na ética em trazer fielmente ao público a própria manifestação de seus desejos, vontades, exigências e ansiedades. E já se passaram mais de quinze anos, estudando e analisando o comportamento do povo paraense, não se restringindo apenas à esfera político eleitoral, pois em nosso currículo também somamos experiências em Pesquisa de Avaliação Administrativa, Pesquisas de Mercado e Pesquisas Sociais. Entretanto, torna-se difícil trabalhar num universo limitado, ainda arraigado de favoritismos, apadrinhamentos e conchavos, onde se articulam de forma asquerosa, todos os tipos levianos de entraves ao exercício democrático, especialmente quando se trata de Pesquisas eleitorais. Assistimos perplexos os mais estarrecedores absurdos, que chegam a extremos, acobertados por quem detêm poder político e econômico na região.
Senão vejamos: Como é possível um Tribunal condenar uma empresa em toda a sua extensão laboral apenas por um pequeno equívoco passível de correção, e que já fora devidamente reparado? E tal equívoco, pela sua insignificância, fosse capaz de comprometer os resultados de uma Pesquisa e representar “prejuízo de difícil reparação”? Mas claro que é possível sim, especialmente quando a acusação é premeditada, inclusive previamente anunciada e divulgada em jornal de circulação local. É possível sim, “Enquanto os homens exercem seus podres poderes”... Como é possível condenar qualquer outro trabalho que provenha dessa empresa como “fraudulento e criminoso”, a partir de uma acusação que sequer foi investigada e apurada para que fosse sentenciada com JUSTIÇA? Mas claro que isso é possível, mas “Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência... Que sempre precisará de ridículos tiranos”? Como é possível aplicar punições e condenações para uns, por um único irrelevante motivo, sentenciado sem ser investigado, como causa de fraude e manipulação; enquanto outros, que livremente “avançam os sinais vermelhos...”, são absolvidos sendo-lhes permitido praticar todas as espécies de irregularidades e falcatruas que notoriamente ensejariam em fraude e manipulação? 
Numa terra sem lei, às vezes somos levados a “querer cantar afinado com eles, silenciar ... Ser indecente. Mas tudo é muito mau.” Por mais quantos zil anos ainda teremos que admitir, compactuar, silenciar... Nos perguntamos “Será, será, que será??” Não!! Mas é aí que pagamos o preço de não entrar no jogo do poder, práticas essas que já “São tantas vezes gestos naturais” no nosso Estado, incorporadas como parte de uma cultura. Mas a DOXA ainda acredita naqueles que “Velam pela alegria do mundo. Indo mais fundo”, por serem os que “Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais”.
Que fique claro, portanto, somos uma empresa independente. Não compactuamos com manipulações fraudulentas que favoreçam A ou B. Recusamo-nos a aceitar uma política onde prevaleça a lei do “vale-tudo”, heranças do coronelismo, do mandonismo que subsiste na cultura local. Entre muitos se faz o pacto da mediocridade, e por não tomarmos partido, literalmente, sofremos as consequências. Pergunta-se: Alguma outra empresa de pesquisa foi “punida” ou sofreu consequências semelhantes? Mas por que não?? A Lei não é para todos??
A DOXA aguarda, ansiosamente, que se apure de forma JUSTA essa INJUSTA acusação criminal, para que se esclareçam todos os fatos sobre a realização da 1ª. PESQUISA ESTADO, por ser esta o alvo da acusação, em função de retaliações políticas que serão devidamente expostas no transcorrer do processo. Contestamos a decisão do Juiz em manter a impugnação da 3ª. PESQUISA ESTADO assim como de, acatar a impugnação da 4ª. PESQUISA ESTADO, e mais recente da 5ª. PESQUISA ESTADO em função de uma acusação de fraude na 1ª. PESQUISA ESTADO. Deu para entender? Também não conseguimos entender. Em outras palavras se pretendeu fechar as portas da DOXA, para qualquer divulgação de Pesquisa, de uma forma autoritária, antidemocrática, que remete à Ditadura, reafirmando o atraso que ainda predomina no nosso Estado.

Informamos que todos os documentos que comprovam a realização das Pesquisas, e a veracidade das informações veiculadas, incluindo os questionários aplicados, foram encaminhados ao Ministério Público, para que investigasse a autenticidade desses materiais, e emitisse seu parecer. O parecer foi FAVORÁVEL À DOXA: “(...)Ante o exposto, o Ministério Público Eleitoral manifesta-se pela improcedência da representação (COLIGAÇÃO TODOS PELO PARÁ) ora examinada.”. Desde 01 deste mês, o parecer se encontra nas mãos do Relator para decisão final. Infelizmente o TRE não usou de mesma celeridade dedicada a demais institutos, como deve ser do conhecimento de vocês, pois quando devia decidir sobre o que deu causa a essa celeuma, preferiu condenar todos os atos subsequentes da DOXA, proibindo-a de exercer seu trabalho com dignidade. A Representação para apuração de Crime Eleitoral foi impetrada no 19/09, e todas as demais impugnações tem por base uma acusação que sequer foi apurada. Consideramos desnecessária e infundada uma instauração de processo criminal, pela irrelevância de sua motivação, bem como que despenderá estrutura, gastos de tempo e dinheiro público sem se sustentar em razões suficientes para isso. Contudo, acaso se instaure, não temos o que temer, e servirá sobretudo para provar e confirmar o nosso compromisso com a verdade e o respeito à opinião pública em não concordarmos em entrar no jogo sujo da manipulação.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

DOXA, DIÁRIO DO PARÁ E A ESPETACULARIZAÇÃO DA NOTÍCIA

Embora não se tratando de jornal de maior circulação local, a DOXA conseguiu, de forma inusitada, tornar-se manchete de capa (Diário do Pará, edição 20/set/2014). Isso mesmo que você leu, ou o mais provável, nem deve ter lido... Mas, cá pra nós, venhamos e convenhamos, é muita falta de notícia mais importante para veicular. Foi-se o tempo em que jornal servia para ler, hoje alguns mal servem para enrolar... Digamos, talvez, legumes nas feiras da periferia...
Para quem não teve o desprazer de jogar fora R$1,00, reproduziremos e esclareceremos alguns pontos sobre a manchete estampada, a qual teve a pretensão de SENTENCIAR a DOXA condenando-a no banco dos réus. Sobre essa manchete “TRE CONDENA PESQUISA DOXA”, convém informar aos (i) responsáveis por esse tão CARO jornal (que só reafirma seu papel de desinformar), assim como aos casuais leitores, que na Justiça Eleitoral, embora sendo um pouco mais célere que as demais, também existe o DIREITO DE DEFESA quando diante de uma acusação. No caso em questão, ao presumidamente violar alguma exigência da Lei nº 9.504 de 1997 (com alterações posteriores, e demais resoluções do Tribunal Superior Eleitoral) que rege a divulgação de pesquisas, a parte que se manifesta contrária busca razões para substanciar suas reclamações, o que se chama de REPRESENTAÇÃO, conforme RESOLUÇÃO Nº 23.400/2013 — TSE.
Deve-se esclarecer que, diante de uma REPRESENTAÇÃO com pedido de Liminar para IMPUGNAÇÃO de pesquisa eleitoral, obviamente coube à DOXA o DIREITO DE DEFESA, a qual tramita no TRE. A DOXA contestou a impugnação pela sua total improcedência, assim como a leviana acusação de fraude arquitetada pela parte contrária, por não apresentarem elementos que possam fundamentar tal impugnação, haja vista terem se utilizado de um pequeno equívoco ocorrido em Pesquisa anterior para impedir a publicação de Pesquisa mais recente.
Contudo, esses equívocos sequer comprometem seus resultados, dado a sua irrelevância, e tão pouco ensejariam em prejuízo de difícil reparação, como sorrateiramente pretendeu se valer a parte contestante, agindo de má fé, pois poderia ter esclarecido as suas dúvidas seguindo o direito que lhes cabe, conforme garante a legislação, de fiscalizar e verificar as planilhas de controle interno, até mesmo as individuais, que foram disponibilizadas pela DOXA, em cumprimento ao que foi intimado sobre a referida pesquisa pretérita. Ao contrário, de forma ardilosa preferiram recorrer a meios escusos e de nítida intenção de desqualificar o trabalho da DOXA.
No que tange, ainda, à tentativa de denegrir e difamar a imagem da DOXA COMUNICAÇÃO INTEGRADA, pelo dito jornal, afirmamos que não se trata como já visto, de SENTENÇA CONDENATÓRIA, pois sequer houve trânsito em julgado. Acaso nos encontramos no Estado do vale tudo, onde se permite infringir os princípios constitucionais? O art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal declara que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Desse modo, não há que se falar em condenação pelo TRE.  Providências já estão sendo devidamente tomadas para que seus responsáveis respondam pelo ato, onde se verifica a total falta de profissionalismo, ao divulgar notícias infundadas e irresponsáveis, transformando o jornal numa mera peça panfletária parcial.
Vale lembrar, que o bom jornalismo, sério e de qualidade, deve adotar como base primária ouvir as partes envolvidas no fenômeno para que o leitor possa tirar suas próprias conclusões. É lamentável que um veículo de comunicação se preste a ser mero cabo eleitoreiro panfletário, através do qual tenta impor a sua “verdade” aos leitores e eleitores paraenses, recorrendo a meios sórdidos e inescrupulosos.
Umberto Eco bem define que os meios de comunicação e informação atuais servem a finalidade diversa, ou seja, a de manipulação de informações, O problema da cultura de massa é exatamente o seguinte: ela é hoje manobrada por “grupos econômicos” que miram fins lucrativos (...) (ECO, 2001). Não obstante, constantemente somos obrigados a assistir a tão baixa qualidade de jornalismo, quando ainda se persiste na velha e ultrapassada mídia, onde todos são presumidamente inocentes até que a mídia condene imputando um determinado crime, se desviando da finalidade para a qual foi criada, reduzindo-a, assim, a mero instrumento de promoção de interesses de grupos econômicos e políticos, e não coletivos como deveria ser. Esse tipo de mídia “pré-julga e condena na medida do que declara como certo, transforma um fato ocorrido em um espetáculo, é a chamada teatralização ou espetacularização da notícia, ocorrendo na maioria das vezes em detrimento da preservação da imagem e violação do estado de inocência” (NETO, 2011).
Ao condenar de forma irresponsável, a mídia desrespeita e viola um princípio constitucional expondo uma imagem com proporções irreparáveis, tanto a imagem, quanto a moral, pois na maior parte das vezes nem a retratação ou direito de resposta recupera os prejuízos causados a uma imagem denegrida, em que não há dinheiro que compense um dano moral a uma imagem que se levou uma vida inteira para construir. Quem não se lembra do célebre caso Escola Base, no bairro da Aclimação em São Paulo? Vale tudo em nome de uma liberdade de imprensa sem limites? Embora essa liberdade tenha sido uma conquista da democracia, tais limites de imprensa devem observar quando há violação dos direitos de qualquer cidadão em suas garantias constitucionais.
A criminalização pela mídia termina por torna-la um instrumento influenciador, induzindo a sociedade a estigmatizar e instituir os seus próprios “tribunais” onde se viola, sobretudo, o princípio da presunção de inocência, que nos é garantido constitucionalmente. Presenciamos estupefatos, os extremos a que chega essa espécie repugnante de jornalismo, que conduz a sociedade ao retrocesso, a exemplo da recente repercussão causada por uma “jornalista”. Quem não lembra a “onda Sheherazade” que induziu à “justiça com as próprias mãos”, ao retorno da Lei de Talião? Esse tipo de mídia, portanto, deve ser execrada, banida de uma sociedade que busca evoluir, impedindo que esta retroceda ao medievalismo e à barbárie, ao invés de se pautar em princípios democráticos.
Resta-nos, por fim, lamentar sermos vítimas desse tipo de mídia, que só serve para contribuir com a desinformação e o atraso de nosso Estado e tirar daí um único proveito, compatível com esses princípios: “Fale mal, mas fale de mim. Não faz mal, quero mesmo assim. Você faz cartaz pra mim. O despeito seu me põe no apogeu” (Ataulfo Alves).

Equipe Doxa.